Entrevistas DELT: ex-alunos destaque da Escola de Engenharia da UFMG

Entre as melhores universidades do mundo, UFMG tem ex-alunos referência em suas áreas: conheça alguns que já passaram pela Escola de Engenharia.
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Thiago Rezende é exemplo do sucesso da instituição no quesito de formação de profissionais bem colocados no mercado de trabalho. Graduado em Engenharia de Controle e Automação e Mestre em Engenharia de Minas com ênfase em Tecnologia Mineral, ambos pela UFMG, possui experiência de 18 anos em Engenharia de Controle e Automação de Processos Industriais com atuação nos segmentos de mineração, siderurgia, petroquímica, açúcar e álcool, cimento e logística. Há 15 anos trabalha na mineradora brasileira VALE S.A., tendo atuado como Engenheiro responsável por projetos de automação, controle e otimização de processos. Atualmente está na liderança de equipes de Engenharia de Automação, Controle, Sistemas e Manutenção na VALE, empresa multinacional presente em 20 países, reconhecida como “mineradora global” e também a maior produtora de minério de ferro, pelotas e níquel.

Para Thiago, sua trajetória ao longo do curso foi crucial para a construção de sua carreira e maturidade até chegar à VALE. Ao longo desse percurso, trabalhou por aproximadamente 4 anos na área de engenharia de controle de processos, quando teve a oportunidade de participar de um processo interno da VALE, momento em que direcionou sua carreira para a gestão. Nos últimos 11 anos, passou a desempenhar o papel de coordenador de automação, ou tecnologia operacional. Atualmente, o engenheiro é responsável por todas as disciplinas de automação, desde a área de computação, telecomunicações até o controle de processos e projetos, compondo, assim, a gestão da manutenção no complexo operacional de Vargem Grande, em Nova Lima/MG. 

Aproximadamente na metade da graduação, Thiago foi aprovado em um processo de bolsa do CNPQ, quando teve a oportunidade de trabalhar com automação de maneira mais aplicada no Laboratório de Simulação de Processos (LaSiP), do curso de Engenharia Metalúrgica, onde colocou em prática a teoria da automação, envolvendo o controle de processos, instrumentação, modelagem, além de publicar artigos e aprender mais sobre o processo da siderurgia. “A oportunidade do curso de ter bolsas – CNPQ ou qualquer outro tipo de bolsa – abre portas pra gente colocar em prática durante o curso e aprender mais sobre os processos”, afirmou o engenheiro.

Ainda durante sua trajetória acadêmica, estagiou em uma cimenteira – Holcim –, empresa na qual pôde fazer seu projeto final de curso prático na temática de controle de processos. Para ele, a conexão entre empresa e universidade faz diferença na carreira ao trazer a prática para a vida do estudante de modo que ela não se prenda apenas na teoria.

O professor Ronaldo Tadêu Pena – professor aposentado do Departamento de Engenharia Eletrônica, também ex-chefe do DELT e ex-reitor da UFMG – teve papel importante no caminho de Thiago no curso de engenharia. Por intermédio do professor, ele e outros colegas participaram de um processo de trainee no banco Santander em São Paulo. Embora não tenha seguido na área, o engenheiro considera que a vivência do mercado financeiro, o conhecimento de seus processos internos, processos de tratamento de dados e marketing foi uma experiência complementar enriquecedora vivida graças ao professor. 

Antes de chegar à Vale, Thiago trabalhou na ATAN, com engenharia de controle – início da cultura de processos na forma industrial no Brasil. Sobre esse período de ingresso no mercado, ele salientou a importância dos contatos feitos ao longo da graduação, mesmo que nos corredores. “Durante o curso temos contato com vários professores que também são empresários; pessoas do mercado. Então cria-se um networking favorável para se entrar no mercado de trabalho”. Segundo Thiago, é comum que os professores intermedeiem processos de estágio, observando os alunos destaque na faculdade. 

Thiago aprimorou a prática da engenharia de controle de processos na forma industrial, cultura que avançou no Brasil em seu período de ATAN – área que, segundo ele, merece atenção dos estudantes por ter grande potencial de futuro. Além disso, conduziu e executou projetos na seara da automação industrial, consolidando os conceitos aprendidos na faculdade e colocados em práticas em laboratório, por meio de bolsa de iniciação científica. “Ali apliquei todos os conceitos, desde a instrumentação, da parte de elétrica, de automação e de controle dentro desse projeto.”, pontuou. Além disso, Thiago estruturou o primeiro projeto internacional do departamento de otimização para uma mineradora chilena.

Além de vivenciar o ambiente industrial, o engenheiro era responsável não só pelo projeto, mas também por seu gerenciamento: pela negociação com o cliente, momento no qual seu percurso na Escola de Engenharia foi um grande diferencial. Para ele, a universidade oferece a oportunidade de trabalhar em equipe, aprender a analisar e resolver problemas na prática, além de habilidades de negociação: “Algumas competências que são importantes e muito bem avaliadas – as soft skills, na terminologia atual  –  que a gente desenvolve na faculdade além da parte técnica são muito ricas”. 

O empreendedorismo também é um caminho que despertou o interesse de colegas de Thiago, por exemplo. Segundo ele, muitos colegas constituíram suas empresas, baseados, principalmente, nas ideias e produtos gerados ao longo do ciclo da faculdade. Esses protótipos – de sistemas, de hardware, de soluções – nasceram dentro da faculdade e, ao se formarem, esses alunos evoluíram os protótipos até se tornarem grandes produtos. Essa trajetória também foi o caso de Welbert,  outro egresso da Escola de Engenharia e entrevistado anterior do DELT.  

Uma oportunidade que Thiago aponta como decisiva aos alunos é desenvolver coisas a partir dos recursos laboratoriais da universidade em um meio muito propício a desenvolver conexões com outros cursos, num intercâmbio entre as áreas do conhecimento “Isso vai moldando seu pensamento de tal forma que quanto mais rica for a experiência dentro da universidade, mais possibilidades são abertas no futuro depois que o aluno se forma”. 

Apontou, além disso, a excelência dos professores da instituição, o que, segundo ele, deve ser aproveitado a partir da proatividade dos estudantes ao buscar auxílio. “Há professores com vasta experiência prática, dispostos a ajudar e contribuir, como é o caso da Profª. Carmela, da Profª. Dora. Então, os alunos devem buscar esse networking, essa orientação, buscá-los, conversar mais; para que o professor vá te orientando, dando desafios, para você crescer”.

Para Thiago, a conexão com as outras áreas é algo vantajoso aos futuros engenheiros, de modo que não coloquem fronteiras em sua formação, cujo potencial de expansão se dá também ao cursarem disciplinas e participarem de projetos em outros cursos ao longo da graduação. Por fim, como recomendação aos alunos, o engenheiro ressaltou como diferencial a participação em programas de intercâmbio. “Depois que a gente se forma e entra no mercado de trabalho, é muito mais difícil fazer um intercâmbio. Então, o intercâmbio promovido pela universidade é algo que eu deixaria como uma dica de algo que deveria ter feito diferente. O que faz você ter um bom inglês, uma boa comunicação, uma experiência internacional, resolver problemas diferentes e isso contribui muito para a formação”, finalizou.